Quais eram esses critérios, na base daquele primeiro paciente, o homem com fobias, sobre o qual falei para vocês? Em primeiro lugar, ele estava numa situação de crise, confrontado com o prazo de três meses para o seu casamento, e, em segundo lugar, tinha tido um início agudo dos sintomas, um início agudo das fobias, desencadeado por seus planos de casamento. Em terceiro lugar, ele apresentava sintomas circunscritos, que não perturbavam grandemente o resto do seu funcionamento. Em quarto, sabia-se, pela história, que tinha tido adequados relacionamentos significativos, de dar e receber, com outras pessoas, na sua Infância. Quinto, parecia se relacionar bastante bem com alguém que estava encontrando pela primeira vez, ou seja, eu, convencendo-me a fazer algo que não era ortodoxo, já que ele tinha recebido uma recomendação de tratamento a longo prazo e me convenceu a atendê-lo por um período curto de tempo. Em sexto, ele tinha uma preocupação em termos psicológicos, era sabedor de que suas dificuldades não eram devidas a algum tipo de problema médico, que requeressem um comprimido para curá-lo, mas, em vez disso, eram o resultado de sua interação com as pessoas e, portanto, de certa maneira, requeriam algum tipo de intervenção psicoterápica. Por último, e sétimo, estava motivado para se modificar, desejava não apenas um alívio dos sintomas, não chegar lá e dizer "faça alguma coisa para eliminar magicamente meus sintomas e eu ficarei curado". Não, ele queria entender como tinha desenvolvido essas dificuldades, para que fosse capaz de vencê-las para sempre e para que elas não se repetissem. Esses eram os critérios que foram apresentados para Alexander e que ele disse que eram muito rígidos e que se nós voltássemos para Boston com critérios mais amplos, teríamos muito mais pacientes.
De fato, ele estava absolutamente certo. Pela primeira e última vez, aspectos burocráticos de administração vieram em meu auxílio, porque pacientes que estivessem em crise, em crise aguda, iam para o Setor de Emergência do Hospital, onde todas as pessoas em situações agudas eram avaliadas, enquanto que, no Ambulatório de Psiquiatria, onde trabalhávamos, os pacientes eram atendidos em consultas previamente marcadas. Assim, para aproveitarmos os pacientes que já costumavam vir ao nosso ambulatório, decidimos simplesmente eliminar o critério de que o paciente estivesse numa situação de crise, critério número um, é eliminar o critério de início agudo dos sintomas ou dificuldades interpessoais, critério número dois, mantendo todos os outros critérios, que então ficaram sendo cinco; uma queixa principal circunscrita, a informação de ter ao menos uma relação interpessoal significativa, altruística, de dar e receber, na infância, a boa interação com o avaliador, uma sofisticação psicológica e a motivação para se modificar, esse quinto e último critério, de motivação para mudança, sendo o critério crucial e mais importante. Além disso, ao avaliarmos o paciente, não nos bastava simplesmente que ele nos relatasse isso ou aquilo, mas pedíamos que ilustrasse sua informação com um exemplo, digamos: "Se você tinha um bom amigo na Infância, digamos aos sete ou oito anos, que tipo de sacrifício estaria disposto a fazer por ele?”, em vez de apenas esperar receber cuidados e atenções. Com esse simples rearranjo dos critérios, tivemos mais de quinhentos pacientes nos quatro anos seguintes. Como vocês podem imaginar, Franz Alexander estava absolutamente correto, nossos critérios iniciais eram muito restritivos, e esses pacientes existem em todos os lugares, se nós os selecionarmos adequadamente.