Fizemos o seguinte: selecionamos os pacientes, de acordo com esses critérios que referi a vocês, alargados segundo a sugestão de Alexander. Formamos pares de pacientes, que combinassem em idade e sexo, e então os dividimos em dois grupos, um grupo de pacientes experimentais e um grupo de pacientes de controle. Os pacientes experimentais eram vistos por dois avaliadores independentes, e eram tomados imediatamente em tratamento, sem nenhuma espera. Os pacientes do grupo controle, também examinados por dois avaliadores independentes, não recebiam tratamento imediato, mas tinham que esperar sem tratamento durante um tempo igual ao que levasse o tratamento do paciente experimental correspondente. Ao fim desse período de espera, de três, quatro, cinco ou seis meses, eles eram chamados para nova avaliação, para vermos que mudanças havia acontecido sem tratamento. Se de fato Eysenck estivesse correto, esses pacientes estariam exatamente iguais ao fim do período de espera assim como os pacientes que houvessem feito a psicoterapia, pois, em sua opinião, psicoterapia era de nenhum valor.

Selecionamos os avaliadores independentes muito cuidadosamente e, particularmente, eram indivíduos que tinham certo distanciamento ou pouco entusiasmo a respeito da psicoterapia, ou mesmo, estivessem convencidos de que psicoterapia não tinha nenhuma utilidade. Assim, nós os convidávamos dizendo "Seja um dos nossos avaliadores, veja por você mesmo e nos conte se de fato esses pacientes terão ou não uma melhora como resultado da psicoterapia."

Nossos critérios de avaliação dos resultados ("outcome") incluíam diversos itens, envolvendo modificações nos sintomas e nas relações interpessoais, modificações na autoestima, na capacidade de resolver problemas, na capacidade de se conhecerem e no rendimento no trabalho ou na escola.

Mas queríamos uma comprovação das afirmações do paciente. Se ele dissesse que tinha melhorado, queríamos comprovar que realmente ele tivesse tido a melhora e queríamos saber como tinha acontecido essa melhora. Pedimos aos avaliadores independentes, por exemplo, não apenas se contentarem quando o paciente referia: "Ah, minha relação com minha mãe melhorou", mas, pelo contrário, pedir: "Se é assim, me dê um exemplo de como era essa relação antes e como é que ela está agora, e se ela melhorou devido à psicoterapia". Ou seja, desejávamos um exemplo específico para a documentação dessa melhora e não apenas uma simples afirmação de que o relacionamento tinha melhorado.

Outros itens eram modificações na auto-estima e a aquisição de novos aprendizados, por exemplo, que o paciente pudesse dizer: "Consegui entender e saber coisas novas, como resultado da minha Psicoterapia". Também, nos interessava o aspecto de técnicas para resolver problemas específicos e o desenvolvimento de novas atitudes, tudo isso com demonstração através de exemplos. Precisava ficar claro que as modificações tinham acontecido como resultado da terapia, ou seja, o paciente ter a capacidade de obter insight, entender o que estava errado antes e como isso se modificou como conseqüência da terapia, como isso estava relacionado com a terapia que eles tinham recebido.