Chamamos ADIÇÃO A DROGAS a situação em que o individuo passa a usar continuadamente uma substância prejudicial à saúde. Entre as drogas que causam adição temos o álcool, a nicotina, a maconha, a cocaína, o ecstasy e o crack. Outras drogas, menos disseminadas no Brasil incluem a heroína e o ácido lisérgico.

A gravidade da adição a uma droga está relacionada a que uma parte do cérebro do indivíduo se modifica de forma que o indivíduo fica com o desejo do uso repetido e continuado da substância.

Isso caracteriza que a adição a drogas deixa de ser um problema “psicológico” e passa a ser um problema orgânico – um problema cerebral e crônico - uma marca, uma alteração no funcionamento do cérebro para o qual, atualmente, ainda não existe tratamento fácil. Isso significa que quem começou a usar uma droga - como cocaína - está correndo o risco de causar uma alteração no seu cérebro tal que o cérebro sempre vai lembrar a euforia e o bem-estar que a droga produzia; vai portanto, ter que cuidar, o resto da sua vida, para não cair de novo na tentação de usar a droga.

O uso inicial da droga, as primeiras vezes em que a pessoa usa a droga, tem diversas situações desencadeantes ou diversos motivos.

Substâncias mais benignas, como o álcool e a nicotina, são usadas inicialmente em ambientes sociais, mesmo familiares.

O uso na família de pequenas quantidades de bebidas contendo álcool não pode ser caracterizado como grave ou perigoso – quando não se trata de famílias com incidência grande de pessoas com problemas de alcoolismo. O problema ocorre quando uma das pessoas nessa família passa a usar quantidade cada vez maior da bebida alcoólica. Em geral, isso está ligado a que a bebida alcoólica está sendo usada por um efeito de alivio de mal-estar ou ansiedade. A pessoa fica "aliviada, alegre” com o uso do álcool.

A nicotina se usa inicialmente em ambientes em que não está bem sabido ou bem lembrado o efeito nocivo da nicotina e do tabaco. Alguns fumantes não sofrem prejuízo pelo uso de cigarros. A maioria dos fumantes tem prejuízos. Esses prejuízos estão ligados aos efeitos cardíacos da nicotina – as artérias coronárias se contraem e menos sangue é distribuído para o coração. Mais ainda, estão ligados à fumaça da combustão do tabaco – da queima do cigarro. A fumaça do cigarro vai para os pulmões e causa danos - bronquite crònica e, mais ainda, carcinoma (câncer) de pulmão. O caso é que, muitas vezes, quando é feito o diagnóstico do cancer de pulmão a doença já está num estágio em que, com os recursos atuais, é incurável. Ou seja, a maioria das pessoas que começam a fumar está cultivando um problema de saúde que vai incomodá-la - ou causar-lhe a morte, trinta ou quarenta anos depois, ao redor dos sessenta anos de idade.

Os danos causados pela cocaína, pelo ecstasy e pelo crack são muito maiores. O cérebro passa a “querer” a droga com muitomais intensidade  – no sentido de que a pessoa passa a ter um forte impulso a querer repetir o uso da droga, a chamada “fissura”.

Parar o uso do cigarro é difícil, mas aproximadamente um terço das pessoas que tentam, conseguem. Há alguns recursos médicos que podem ajudar os fumantes interessados. Isso inclui o uso de comprimidos, chicletes (goma de mascar) e adesivos com nicotina , como substituto do cigarro. Inclui também o uso de alguns medicamentos para aliviar o que a pessoa sente pela abstinência do cigarro; esses medicamentos são a bupropiona e medicamentos de efeito calmante, como os medicamentos do grupo dos benzodiazepínicos.

Está muito claro, atualmente, que se obtém resultados melhores, nos casos de adição a drogas, quando os programas de tratamento  incluem a participação de familiares.

 

SUGESTÃO DE LEITURA:

Neurocircuitry of Addiction

George F Koob*1, and Nora D Volkow 2
1 Committee on the Neurobiology of Addictive Disorders, The Scripps Research Institute, La Jolla, CA, USA; 2 National Institute on Drug Abuse, Bethesda, MD, USA
Em Neuropsychopharmacology REVIEWS (2010) 35, 217–238
& 2010 Nature Publishing Group
www.neuropsychopharmacology.org

Dra. Nora Volkow é desde 2003 Diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas (National Institute on Drug Abuse - NIDA) que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health - NIH) dos Estados Unidos.