Bem, da maneira que as coisas aconteceram, eu tinha sido Residente-chefe do Professor Stanley Cobb, que era Professor Chefe do Departamento de Psiquiatria do Massachussets General Hospital. Em 1954, o Dr. Stanley Cobb estava se aposentando, para ser substituído pelo Dr. Eric Lindemann. Então, aconteceu que o médico que era responsável pela Psychiatrlc Clinic, isto é, pelo Ambulatório de Psiquiatria do Massachussets General Hospital, assumiu um emprego em outro local, dois meses antes da aposentadoria do Dr. Cobb. Como eu havia sido seu residente-chefe dois anos antes, ele falou comigo dizendo: "Olhe, gostaria de indicá-lo para esse cargo por dois meses, mas também não sei se Lindemann, quando assumir, vai manter essa minha indicação de você para esse cargo. De qualquer maneira, descubra como é esse trabalho, e amanhã me diga se aceita ou não". Não hesitei: "Dr. Cobb, posso dizer-lhe isso imediatamente, é uma grande honra ser chefe desse Ambulatório Psiquiátrico, que é o maior de Boston. E, mesmo que seja por dois meses, não preciso esperar até amanhã, digo-lhe desde agora que aceito o emprego." Dr. Cobb retrucou: "Faça como eu lhe disse, vá e descubra como é o trabalho." Fui então tomar algumas informações, e o primeiro que ouvi foi que: "Bem, você devia era fazer um exame da sua cabeça, para ver o que há dentro dela". Fui, portanto, perguntar para alguém mais, que me disse que era o pior emprego em toda a área de Boston. Naturalmente, percebi que essas duas pessoas eram muito invejosas, e assim aceitei o emprego, apenas para descobrir imediatamente, que elas estavam absolutamente certas. Havia uma longa lista de espera, de um ano ou um ano e meio, de pessoas se inscrevendo para fazer um tratamento de Psicoterapia de duas vezes por semana, e havia uma equipe de quinze pessoas para atender todos esses pacientes.
Contudo, Dr. Lindemann me manteve no cargo. Então, o que nós fizemos foi organizar grupos, equipes para avaliação dos pacientes. Eram equipes multidisciplinares, havia psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, e outras pessoas em treinamento, e cada uma dessas equipes de avaliação ficava responsável por um dia de atendimento. No fim do dia, tínhamos uma reunião de mais ou menos duas horas, a respeito dos pacientes que haviam sido examinados nesse dia, tentando responder algumas das questões que haviam surgido, a partir dessas entrevistas de avaliação. Nosso objetivo era formularmos, ao fim do dia, uma recomendação específica para o tratamento de cada paciente. Eventualmente, alguns pacientes necessitavam uma segunda entrevista de avaliação, mas tínhamos então que justificar porque se estava fazendo essa segunda entrevista, o que, de qualquer maneira, não era o procedimento rotineiro. Com isso, parecia que estávamos trabalhando um pouquinho melhor, porque a nossa lista de espera diminuiu um pouco, embora ainda persistisse.