Para quem sofre da doença do alcoolismo, parar não é fácil – dizendo melhor, é difícil parar já por alguns dias ou semanas, por alguns meses, oxalá consiga mesmo não beber por um ou dois anos. O crucial, o decisivo, o ainda mais difícil, é não recomeçar, não ter a recaída.
A iminência da recaída passa a existir já no primeiro copo: a pessoa esquece seus bons propósitos e os prejuízos que tinha tido com o uso do álcool e planeja “tomar só este copo”. Como já passou algum tempo sem o álcool, acontece também que seu corpo se desacostumou de “desmanchar” – metabolizar – o álcool e esse primeiro copo vai inclusive lhe provocar uma alteração cerebral, um efeito, mais rápido e mais intenso do que lhe causava um copo na fase em que bebia. Vai ficar mais embriagado do que ficaria no tempo do alcoolismo.
O efeito imediato desse primeiro copo é que propicia esquecer os bons propósitos, a decisão de que seria apenas um copo, e vai beber mais, muitas vezes chegando à embriaguez.
Se a pessoa após ter parado de beber já estava se estabilizando na vida e conta com uma estrutura familiar protetora, consegue superar essa pequena recaída, recuperar a consciência de que é um ou uma alcoolista e retomar seu projeto de não beber mais.
Se não for assim, se ainda não conseguiu reconstruir essas condições favoráveis, volta a beber nos dias seguintes e sua vida se desmorona de novo.