A psicoterapia dinâmica de curto prazo, nos últimos anos, tornou-se extremamente popular. A razão de sua popularidade, como vocês no fim desta tarde ficarão convencidos, não é por causa das companhias de seguro que tem que pagar o tratamento. Aliás, uma coisa deve ser dita, embora as companhias de seguro tenham tirado vantagens dessas técnicas, elas não gastaram um tostão dando apoio ao treinamento, nessa modalidade de terapia, em contraste com as companhias farmacêuticas, que tem dependido bastante dinheiro no treinamento de profissionais na área de farmacologia, e no desenvolvimento de novos recursos e novas drogas.
De qualquer maneira, o desenvolvimento das técnicas de psicoterapia começa no início do século XX e olhando para os primeiros relatos de Freud e Jung vai-se descobrir que muitos são de atendimentos em curto prazo. Por exemplo, muitos de vocês conhecem o caso de Dora, um caso de histeria. Trata-se de uma moça que presentemente preencheria os critérios da DSM-III de paciente borderline. Ela foi tratada por nove meses. Há uma nota de Freud, ao pé da página, mais tarde, dizendo que ela parecia bastante bem, que estava abandonando a ligação excessiva com o pai e se movendo para novas relações com outros homens. Isto é o que teria sido o principal foco do trabalho de Freud com essa paciente. De qualquer maneira, há também um caso de Psiquiatria Infantil, de um menino chamado Hans, que tinha uma fobia a cavalos e foi tratado por Freud através de cartas dirigidas ao pai do menino. Quer dizer, há muitos desses pacientes atendidos com técnicas a curto prazo. Há certos casos que poderíamos mesmo chamar de terapia ultracurta. O que é isso? São casos que Freud tratava durante suas férias nos Alpes. Então, ele tinha certos tipos de conversas informais com pessoas de lá e, de novo, os resultados parecem muito Impressionantes. Por exemplo, ele tratou até mesmo Gustav Mahler, o grande compositor, que estava com inibições para compor e vocês observam a magnificência da música que Mahler desenvolveu após suas interações com Freud.
Ou seja, a psicoterapia dinâmica a curto prazo poderia ter aberto todos os tipos de novos horizontes; contudo, interessantemente ou não, nos vinte anos seguintes, o que vamos observar é o progressivo desenvolvimento de técnicas mais e mais prolongadas de tratamento psicanalítico, ao invés de técnicas mais curtas. Penso que a razão para isso foi a descoberta do divã. Parece que o divã abriu uma caixa de Pandora e, desde então, uma multidão de psicanalistas entusiasmados e inquietos começaram a colocar qualquer pessoa no divã e, naturalmente, grande parte desses pacientes não eram adequados. Como sabemos, muitos eram pacientes borderline ou psicóticos. Daí em diante, a psicanálise tornou-se de longo prazo até que, finalmente, dois discípulos de Freud, Ferenczi e Rank, pensaram que alguma coisa deveria ser feita para encurtar a terapia.