Ambos eram indivíduos muito talentosos. Ferenczi tratou de recompensar seus pacientes, o que ainda não tinha sido considerado em psicanálise, e fez isso de uma maneira Interessante. Digamos que o paciente está produzindo uma proveitosa associação a sua confrontação: Ferenczi, então, diria que aquilo era muito bom. Claro que dizer isso não era, de maneira nenhuma, uma atitude neutra. Mais ainda, se a associação fosse particularmente boa, ele diria isso ao paciente e lhe bateria afetuosamente nas costas. Se a associação fosse excepcional, ele diria isso ao paciente, lhe bateria nas costas afetuosamente e ainda o faria sentar no seu colo. Contudo, se a associação fosse absolutamente única, ele daria um beijo no paciente, penso que apenas aos pacientes femininos, embora não possa garantir sobre isso. Seja como for, como vocês vêem, temos aqui o começo do uso de técnicas de modificação de comportamento em psicoterapia. No entanto, Ferenczi morreu pouco tempo depois, e perdemos um homem inovador, muito inteligente. Aliás, não devo esquecer, há uma Interessante troca de idéias entre Freud e Ferenczi sobre esses beijos. Freud perguntava quantos beijos Ferenczi daria, e não há uma resposta exata para isso, mas o fato é que parece que Freud estava muito interessado em desenvolver técnicas no sentido de aumentar as associações. Penso que não se tratava propriamente de um Interesse em psicanálise a curto prazo, embora ele próprio, em 1937, dois anos antes de sua morte, tenha escrito um artigo que, estou certo, muitos de vocês conhecem "Analise Terminável e Interminável". Naturalmente, se a análise for interminável, está claro que isso a devido a uma seleção defeituosa de pacientes.

Otto Rank, por sua vez, tinha outras ideias. Era um escritor prolífico. Não li todos os seus livros, porque muitos deles são em alemão, mas os que temos em inglês são muito instigantes. Rank era, sem dúvida, muito interessado a respeito dos assuntos de Psicopatologia básica e achou que havia uma maneira simples de se trabalhar a respeito disso, ou seja, ele pensava que toda a Psicopatologia dependia do trauma do nascimento e, portanto, todos os tratamentos em psicanálise deveriam durar exatamente nove meses, ou seja, o tempo de duração da gestação, e essa seria, para Rank, a maneira para encurtar a análise. Contudo, essa não era a maneira. As pessoas dentro do movimento psicanalítico ficaram furiosas com esse ponto de vista, pediram a Rank que saísse, e ele continuou a escrever por sua conta própria. De qualquer maneira, o fato é que esse era o estado das coisas por essa época, de 1925/1926, e no fim da década de 1920, tínhamos ficado sem esses dois pensadores originais, interrompendo-se com isso todo o esforço no sentido de diminuir a duração do tratamento psicanalítico.