De novo ficamos encorajados, dessa vez um pouco mais, e nos inscrevemos para apresentar nossos achados, agora sobre quinhentos pacientes, no Congresso Internacional de Psicoterapia que se realizou em Londres em 1964. Era um verão severo e nos reuníamos na Westminster School, que alguns de vocês talvez conheçam, junto da Abadia; a temperatura era mais de trinta graus o que era insuportável, em Londres, porque não havia ar condicionado, e naturalmente o café quente nos intervalos não era a melhor escolha. Uma das maneiras de tentar obter algo frio para beber era ir a um pub, do outro lado da rua, e havia uma longa fila. Eu estava tentando obter um copo de cerveja, ainda que, como vocês sabem, eles bebem a cerveja morna, o que não é particularmente apetitoso, até que ouvi alguém, com um típico sotaque inglês, sugerir-me que eu pedisse uma porção de gelo maior, o que eu fiz e fiquei muito feliz em poder assim ter a minha cerveja gelada. Por isso, virei-me para agradecer e ele perguntou:
"E o que o Sr. faz?"
"Vou apresentar um artigo sobre um assunto que não é particularmente popular nos Estados Unidos, sobre Psicoterapia Dinâmica a Curto Prazo."
"Nós chamamos Breve, aqui", ele disse. 
"O Sr. sabe alguma coisa sobre isso, vocês fazem alguma coisa desse tipo aqui?" 
"Claro que sim", respondeu, "o Sr. não sabe quem eu sou?"
Olhei para o nome dele, estava escrito Dr. David Malan e afirmei: 
"Não, nunca ouvi falar no Senhor" 
Ele olhou para o meu nome, Sifneos, e retrucou: 
"Eu também, nunca ouvi falar no Senhor A propósito, o Senhor é psicanalista?
"Sim, tive algumas dificuldades no meu instituto, mas consegui terminar; o Senhor é?" 
"Sim, claro, trabalho na Tavistock Clinic" 
" E trabalha com esse tipo de Psicoterapia Dinâmica Breve?”“, perguntei. 
"Sim, claro, trabalho."
"Que surpresa", continuei, "vocês têm critérios para seleção?"
"Sim, sim, motivação é muito importante." 
"Ah, sem dúvida, motivação para nós também é muito importante, é vital, porque podemos medir a motivação, quando o paciente inicia a terapia, temos tais e tais instrumentos para avaliá-la e depois, no correr da terapia..." 

"Ah!" ele interrompeu, "Isso ó muito Interessante. E como é a técnica de vocês?" Dessa forma, começamos uma troca de ideias, apenas para descobrir que, nos dois lados do Oceano Atlântico, duas pessoas, sem conhecimento da existência uma da outra, estavam fazendo um trabalho similar, com pacientes análogos, e chegando a resultados muito parecidos. Ora, isso é deveras estimulante, porque, obviamente alguém pode estar com ideias preconcebidas ou algo desse tipo, que contaminam a sua avaliação dos resultados; todavia, se outro pesquisador, independentemente, está fazendo um trabalho do mesmo tipo, e obtendo informações super disponíveis, então isso é de grande significado. 

"Você sabe", disse Malan, "há o Prof. Eysenck, que diz que Psicoterapia não serve para nada". "Sim, sei". "Então, vocês tem que fazer um estudo sobre Psicoterapia Dinâmica de Curto Prazo, como vocês chamam na América, ou Breve, como chamamos aqui, segundo os critérios sólidos de uma pesquisa científica, incluindo um grupo de pacientes de controle".

"Por que vocês não fazem isso aqui em Londres?"

"Na Inglaterra, temos um Serviço Nacional de Saúde, e é o clínico geral quem decide quando referir um paciente ao psiquiatra. Eles não são especialmente sofisticados em Psiquiatria e quando veem um paciente com sintomas não muito severos, dão-lhe uma pílula e mandam de volta para casa, em vez de encaminhar a tratamento especializado, com psiquiatra ou psicólogo."

Dessa forma, Malan tinha dificuldade era obter pacientes suficientes e quando soube que tínhamos mais de quinhentos ele ficou muito impressionado e disse que seria muito mais fácil fazermos esse estudo de pesquisa em Boston do que na Grã-Bretanha e assim aconteceu. A propósito, estava planejado também um outro Congresso em 1968, de novo em Londres, de forma que seria conveniente se pudéssemos apresentar nossos resultados já nesse Congresso. Pensei que poderíamos se desenvolvêssemos o trabalho durante dois anos, usando depois mais dois anos para as observações de follow-up.