Tenho quarenta e quatro anos, estamos casados há vinte e quatro anos e temos três filhos. Nosso mais velho tem vinte e dois anos, depois temos uma moça de dezenove e o caçula com doze.

Fui procurar ajuda psiquiátrica quando me dei conta de que nosso casamento estava ruindo. Estávamos casados havia dez anos, com dois filhos (ainda não tínhamos nosso terceiro filho) e eu me sentia cada vez mais afastada do meu marido. Já nem tínhamos grandes discussões ou brigas; estávamos tão acomodados que nem sequer nos desentendíamos como antes. Comecei a pensar que se não fizéssemos algo muito importante, a distância entre nós aumentaria e o nosso casamento terminaria.

Assim, com o casamento desmoronando, fomos procurar ajuda psiquiátrica mas cometemos o erro de procurar ajuda de profissionais diferentes. Cada um com o seu terapeuta tínhamos mais força para brigar e as coisas foram ficando ainda mais vezes piores. Na época eu ainda não sabia o quanto pode prejudicar um casamento o marido e a mulher terem terapeutas diferentes.

Entretanto, na minha terapia fui me dando conta de que tínhamos o mesmo interesse, que era salvar nosso casamento e que a terapia com profissionais diferentes para cada um de nós estava sendo contraproducente.

Então, após um período em que cada um de nós fazia a defesa de sua tese e de seu terapeuta, consegui convencer meu marido a fazer terapia de casal com meu terapeuta, já que o dele não trabalhava com casais.

Assim que começamos a fazer terapia de casal, tudo mudou. Tínhamos a recomendação de não conversar em casa assuntos que redundassem em discussão, esses assuntos espinhentos deveriam ser falados apenas nas consultas; mais ainda, no começo da terapia, essas consultas eram principalmente em separado, cada um de nós falando o que quisesse, sem temor de o outro ouvir e ficar magoado. Com isso nossas brigas diminuíram muito, ficaram restritas a pequenas discordâncias, rotina de qualquer casal.

Através da terapia percebemos o quanto ainda queríamos manter nosso casamento, o quanto ainda gostávamos um do outro e como tínhamos afinidades e coisas em comum. Meu casamento parecia renascer e a época das nossas brigas ficava para longe. Eu quase não acreditava que tínhamos vivido um período tão ruim, eu via agora o quanto tínhamos em comum e o quanto gostávamos um do outro.

Como para festejar a nossa felicidade, decidimos ter um terceiro filho, com quase dez anos de diferença dos irmãos mais velhos. Foi tudo maravilhoso, nosso casamento estava sólido e curtimos juntos cada momento do nosso caçula.

Neste ano, vamos completar bodas de prata; só foi possível chegar até aqui por termos tido a nossa terapia de casal.